sexta-feira, outubro 13, 2006
CARTA DE MOUZINHO AO PRINCIPE D. LUIS FILIPE
Joaquim Mouzinho
sexta-feira, maio 12, 2006
A CAVALARIA EM PORTUGAL
Mais do que uma forma de prestar uma determinada função militar, à Cavalaria sempre esteve associada, desde a Antiguidade, a ideia de uma Ordem espiritual, que assim a distinguia das restantes exigências da arte militar. Prática geralmente limitada à nobreza de uma sociedade - até por razões de ordem económica - a Cavalaria impunha todo um conjunto de rituais para os iniciados e um rígido código de valores que acentuavam o seu carácter exclusivo.
Ideais desde há muito presentes nas culturas europeia e mediterrânica, valorizados sobretudo pela exuberância ritualística conhecida durante o efémero sonho carolíngio, marcaram toda uma postura inerente ao culto dos altos valores da Honra, Lealdade e Defesa da Fé que ao cavaleiro cumpre, culto elevado a proporções de maravilha mercê da existência e acção das Ordens Religiosas Militares.
Surgem assim na Europa, desde o século XII, algumas referências literárias, musicais ou de outras formas de cultura, que exprimem as qualidades e virtudes de determinados Cavaleiros, dos seus feitos, dos traços de comportamento que se espera ver noutros cavaleiros, enfim, de toda uma Ordem muito própria onde impera a harmonia e o equilibrio de todas as coisas.
A Cavalaria está, desde a primeira hora, associada à própria História de Portugal: a Cavalaria Vilã, aristocracia não nobre e peça fundamental na consolidação do Poder real e na defesa do território, foi o sustentáculo do Fundador que nela procurou o apoio, furtando-se assim aos compromissos políticos com as casas senhoriais de Riba Douro; as Ordens Religiosas Militares, para quem o mesmo rei criou as condições de existência entre nós com vista a permitir a sua administração político-administrativa e militar das terras de Além-Tejo; o enorme potencial humano, espiritual e científico dos Cavaleiros de Cristo, importante matriz geradora da epopeia dos Descobrimentos, tão sabiamente aproveitado por D. Dinis.
Com a conquista de Ceuta, em 1415, abre-se toda uma nova dimensão para o exercício do espírito de Cavalaria que tanto condicionou a administração político-militar do Império, como deixou indeléveis traços na nossa cultura. O Cavaleiro cavalheiro ou a associação da ideia da Cavalaria com cortesia, expresso numa das maiores novelas de Cavalaria de todos os tempos - e de provável origem portuguesa - o Amadis de Gaula, nos Doze de Inglaterra e nos Lusíadas, constitui retrato fiel da presença oficial de Portugal no mundo; Império construído com o sangue e a inteligência dos nossos maiores, nele se revê a Cavalaria de Portugal, pelo desempenho da função militar e pelo espérito de missão, das almogavarias africanas até à India.
No acordar jovem e forte da Nação em 1640, deu a Cavalaria Portuguesa glória e brilho às páginas da história do Portugal restaurado, na metrópole e no Império, sucedendo-se as batalhas e actos heróicos em que se envolveu, irmanada com as nossas excelentes Infantaria e Artilharia, nunca permitindo que o nome de Portugal sofresse a humilhação da derrota sem honra.
Esteve a Cavalaria Portuguesa com o Marquês das Minas quando o arguto militar tomou Madrid em 1706...
Ainda no fecho do século de Oitocentos, teve a Cavalaria Portuguesa acção proeminente na defesa da África Portuguesa, nomeadamente em Moçambique. Mouzinho de Albuquerque, português verdadeiro, soube, com a dignidade e determinação que lhe eram conhecidas, mostrar que, como Cavaleiro, era intransigente na defesa da Honra: a da Pátria e a de sua Rainha, servindo ambas com igual denodo e abnegação.
O século XX trouxe as mais extraordinárias mutações tecnológicas e a Cavalaria sofreu as mais profundas transformações. A guerra moderna privou o cavaleiro da maior parte da sua razão de existir: o cavalo. Quebrou-se assim uma ligação milenar em que homens e animais, em perfeita harmonia, construíram a História durante séculos e séculos a fio. O cavalo, porventura um dos animais mais nobres e inteligentes que no mundo existe, foi a partir de então substituído pela máquina, pelo carro de combate que óbviamente o supera. Por tudo isto, o espírito de Cavalaria encontra-se hoje mudado, natural reflexo das rápidas mudanças culturais que a vida contemporânea impõe.
Foram esses carros de combate que na madrugada de 25 de Abril de 1974, saíram da E.P.C, sediada em Santarém, sob o comando de um jovem Capitão de Cavalaria, Fernando José Salgueiro Maia, e em conjugação com as forças do MFA libertaram o povo português de uma tirania que durou 48 anos
A Cavalaria Portuguesa é depositária das mais altas e nobres tradições do nosso país, continuando ainda a ensinar ao jovem aspirante a Cavaleiro o seu dever de honra em ser o primeiro a dar combate ao inimigo. Vive, para honrar Portugal e em sua defesa fará sempre ecoar o grito AO GALOPE... À CARGA.
quarta-feira, maio 10, 2006
JUÍZO SOBRE A CAVALARIA EMITIDO POR UM INFANTE
" Dos pesados cavalos de armas que levavam os cavaleiros de Bouvins aos veículos de lagartas dos nossos modernos dragões, há vários séculos de esforços preserverantes na busca de uma maior velocidade e de um raio de acção mais extenso.
Dos impetuosos choques em que os corações batendo sob a armadura, os braços manejando lança e espada, decidiam a vitória, até às rígidas disciplinas do combate a pé, em que as metralhadoras e o canhão desempenhavam o papel principal, há um abismo que a Cavalaria não hesitou em ultrapassar para seguir mantendo a sua reputação. Também nesta forma de combate a Cavalaria afirmou o seu valor e a confirmá-lo estão os êxitos de Ysert, Kemmet e do Piemont.
Qual o sucesso de tão surpreendente vitalidade? É que, apesar da sua constante evolução, a Cavalaria conservou intacto o seu espírito.
Este espírito vem-lhe, em primeiro lugar, da sua ligação com o cavalo. A necessidade de dominar a todo o momento uma vontade viva de reacções bruscas e de várias espécies, dá ao Cavaleiro mais modesto, a audácia, a flexibilidade, o golpe de vista, a decisão rápida e o desprezo pelo perigo.
São estas qualidades que ela explora no campo de batalha. Habituada a amplos horizontes, a situações imprevistas e instáveis, o olhar e a inteligência sempre alerta, viu com naturalidade desenvolver-se nela a iniciativa, o amor pela acção. o espírito ofensivo.
Orgulhosa da sua missão secular de protecção às outras armas, considerando normal e justo o ser a primeira na ofensiva e a última na retirada, impôs-se como obrigação a abnegação e o sacrifício.
Por último, a todas estas virtudes soube juntar uma mais. Dos seus antepassados, os Cavaleiros conservam o sorriso, a simpatia, o amor pela glória, que em circunstâncias mais críticas, dá às suas acções uma nota particular de elegância e de nobreza.
EM SUMA É DE TUDO ISTO QUE É FEITO O ESPÍRITO CAVALEIRO."
( Marechal Pétain - 1931 )
quinta-feira, maio 04, 2006
CAVALEIRO
segunda-feira, abril 10, 2006
JOAQUIM MOUSINHO DE ALBUQUERQUE
"Oficial da Real Ordem Militar de S. Bento de Avis.
Medalha de Ouro da Classe de Valor Militar.
Medalha de Prata " Rainha D. Amélia".
Medalha de Ouro " Rainha D. Amélia".
Medalha de Ouro da Classe de Serviços Distintos no Ultramar
(Feito heróico de Chaimite, prisão de Gungunhana).
Comendador da Antiga e muito Nobre Ordem da Torre e Espada,
de Valor, Lealdade e Mérito.
Grande Oficial da Antiga e muito Nobre da Ordem da Torre e Espada,
de Valor, Lealdade e Mérito.
Medalha de Ouro da Classe de Valor Militar.
Medalha de Ouro da Classe de Serviços Distintos no Ultramar
(Operações de guerra no Distrito de Gaza, 1897).
Comendador da Real Ordem Militar de S. Bento de Avis.
2ª Classe da Ordem da Águia Vermelha da Prussia, com Espadas.
Comendador da Ordem de S.Miguel e S. Jorge, de Inglaterra.
Oficial da Legião de Honra, de França.
Comendador da Ordem de S. Mauricio e S. Lázaro, de Itália.
Comendador da Ordem de Leopoldo I, da Bélgica.
Comendador da Ordem de Carlos III, de Espanha."
quinta-feira, abril 06, 2006
PATRONO DA CAVALARIA
quarta-feira, abril 05, 2006
O meu amigo Cavalo
... O cavalo, ensinou-me a ter medo e a vencer o medo; o cavalo ensinou-me a descontrair-me perante o meu nervosismo; o cavalo desenvolveu, em mim, a noção de prudência e de medida, obrigando-me a tentar acertar a sua passada antes de corrermos o risco do obstáculo; o cavalo ensinou-me a cair e, com ele aprendi, sobretudo, a levantar-me firme na determinação de continuar o percurso, fosse qual fosse a dor e o esforço que ele custasse; no exercício da equitação aprendi quanto é necessária a firmeza no mando e como esta requer o ser discreto na intervenção e suave no comando. Por tudo isto, a equitação não é apenas um exercício físico pois que tanto contribui para formar em nós o hábito do auto-domínio, a noção da modéstia das nossas forças e dos nossos conhecimentos, a paixão de corrermos o risco, sempre que possivel calculado. Como dizemos na cavalaria, o cavalo ensina-nos a ter coração... (José Correia d'Oliveira)